13 março 2014

INCOERÊNCIAS

INCOERÊNCIAS

                                                                Isac Jorge Filho

O governo resolveu fazer uma “blitz” contra a medicina e os médicos brasileiros. Por trás disso há um tudo, que não vale nada. Algumas determinações são tão absurdas que se  Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) ainda fosse vivo teria colocado o conjunto como fazendo parte do “perigoso terreno da galhofa”. Uma delas, sob o pretexto de fixar médicos em pequenas cidades, oferecia, ao fim de dois anos de “estágio” 20% de vantagens nas notas dos exames feitos para médicos-residentes. Parece piada: você diz que quer fixar médicos em pequenas cidades e acena com um “prêmio” para eles saírem  para fazer residência em Centros maiores. A análise fica pior quando você a aprofunda: nos dois anos iniciais os médicos oferecem sua experiência aos pobres das cidadezinhas, ou seja, experiência nenhuma, e quando acumulam experiência, às custas do sacrifício dos pacientes,  vão fazer residência e levam a experiência para os centros maiores. É o Robin Hood ao inverso.  As incoerências não param por ai. Recentemente tivemos uma reunião no Centro Médico na qual um colega relatou sua experiência quando, de uma penada, a carreira de sanitarista foi extinta. Desempregado, foi para uma pequena cidade do sertão (vamos chamar de Santa Cruz do Deus me livre). Ao longo dos meses notou que o cemitério da cidade, que estava quase vazio quando chegou, passou a ser ocupado de forma relevante. Antes que alguém o criticasse explicou que o que ocorreu foi que os doentes graves das redondezas ao tomar conhecimento da chegada de um médico passaram a procurá-lo. Acontece que ele é um médico e não um mágico e para trabalhar com o nível de eficiência necessário precisava de uma infra-estrutura que assegurasse uma equipe de saúde e equipamentos que permitissem exames complementares. Como estava sozinho era de se esperar que os resultados fossem ruins, como de fato foram. Passemos para a proposta atual:  a incoerência governamental não fala em equipes de saúde, mas centra todos os problemas na insuficiência no número de médicos. Incoerentemente não fala em qualidade e não quer nem saber de avaliar os médicos estrangeiros que contrata. O que importa? “Meio” médico basta, segundo defensores da proposta. Mas, desde que não seja para tratar ricos, parentes, amigos e correlegionários.   Fora disso meio médico basta. Não importa se não entendem sua língua e se não conseguem ser aprovado em exames básicos de conhecimentos, habilidades e atitudes.    

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