22 março 2014

CRÔNICA DA ALDEIA GLOBAL


                        GRATIDÃO
                                    JOSÉ ANÉZIO PALAVERI *

                                               Olhando pelo retrovisor, após 47 anos, de olhos para o futuro.
            Numa quarta feira de uma semana santa, um médico jovem, tendo completado  26 anos, inseguro e desconfiado, chega à cidade, em 1967.
            Quase tudo desconhecido. Só conhecia o Tenente Guiguer, após um rápido contato lá no Hospital Militar e a Altair de Barros que acompanhei no Hospital das Clínicas, ainda no quinto ano da faculdade, por ocasião de uma de suas internações.
            Se soubesse da bondade do povo de Pirassununga,  e  dos oficiais do !7ºRC, nem teria me estressado tanto. Mas, na vida é assim mesmo, o novo nos deixa em sobressalto, e aí estava um futuro pela frente, um jovem convocado para servir como médico, em virtude de uma legislação que o surpreendeu no final do curso médico, após tantos planos deixados para trás.
            Um ano e alguns meses  depois trouxe a Maria da Penha, já casado, começando a construir com ela uma família que me deixa orgulhoso pela sua história. E Pirassununga albergou nosso futuro...
            Agora, o maior sentimento: Gratidão.
            Deram-me mais do que eu necessitava.
            Milhares de pessoas passaram por nossas vidas, demonstrando carinho, afeto, solidariedade, com acolhimento.
            Tenho uma relação muito extensa das pessoas que conviveram comigo nestes anos, com respeito, estímulo, admiração e  sentimentos de ação de graças. O espaço é muito curto para elencar todos os seus nomes, mas o coração está pleno de gratidão.
            Ninguém é uma ilha, crescemos convivendo, aprendendo com os outros, acolhendo cada um a seu modo, com suas qualidades e limitações. À medida que o tempo foi passando as amizades foram se multiplicando, assim como os compromissos com a cidade. Vivi a vida de nossas famílias, nossas instituições com dedicação e interesse pelo progresso de todos nós.
            Cheguei a morar na Santa Casa, numa época em que nem havia Pronto Socorro, trabalhando dia e noite com as abnegadas irmãs de caridade que lá viviam. Convivência com o Dr. Lyrio em meu primeiro emprego no Centro de Saúde e daí, acompanhando toda a evolução de nossa saúde, até hoje.
            A fundação da APAE, com a equipe formada por Dona Joilda, em 1969...A equipe do MFC, os primeiros encontros de noivos, o Ministério Leigo, a Pascom, o convívio ininterrupto com o Padre Otávio, a pastoral da Saúde, os empregados, as secretárias do consultório, na convivência diária...
            Dr. Loureiro, tantos amigos, tantos colegas de profissão, estou mostrando alguns, lembrando-me de todos que a memória me permite.
            Aos amigos da CEMEP, à equipe da Escola de Pais, de saudosa memória, às escolas e ao Colégio John Kennedy que me ajudaram a educar meus filhos, que me orgulham com suas vidas, muito obrigado.
            Nem todos voltam para agradecer. Eu, como aquele um dos dez leprosos do Evangelho, que foram curados, aproveito este momento para minha oração de ação de graças pelos moradores desta cidade e por todos que cruzaram meus caminhos nestes anos, onde quer que tenhamos convivido. É claro que, a Deus, eu agradeço todos os dias...

         * Médico, Escritor, APLACE (Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação.
           

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