15 maio 2017

PEQUENA HISTÓRIA DE MEU PRIMEIRO DIA DAS MÃES

PEQUENA HISTÓRIA DE MEU PRIMEIRO DIA DAS MÃES

ISAC JORGE FILHO

                        Nos meus primeiros nove anos vivi em uma vida de cidade pequena e encantadora,  pouco mais que rural. Em 1952 meus pais decidiram enviar-me para um colégio de conceito maior que a pequena “Escola da Dona Zezé” que ficava na garagem de sua casa. O destino seria o famoso Instituto Gammon, em Lavras, distante de Monte Carmelo o suficiente para consumir 28 horas de viagem pela Rede Mineira de Viação – RMV (que nós chamávamos de “Ruim Mas Vai”, com duas baldeações, em Ibiá e em Garças de Minas). Apesar dos apelos do Padre César para que não me enviassem para “estudar protestantismo” fiz meus 10 anos em Março no Colégio Evangélico de Lavras, um Internato sem guardas e com alto respeito à autonomia, ligado a um respeitável grupo evangélico norte-americano, proprietário também da Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL, hoje instituição pública federal). Foi lá que tive conhecimento do “Dia das Mães”, celebrado nos Estado Unidos desde 1865 pela ativista Ann Maria Reeves Jarvis com o nome de “Mother’s Friendship Days (Dia de amizade pelas Mães) com o objetivo de melhorar as condições dos feridos na Guerra da Secessão. Vale lembrar que a idéia de cultuar as mães não era nova. Segundo a Enciclopédia Britânica a comemoração mais antiga para o Dia das Mães vem da Grécia antiga, que na entrada da primavera homenageava Cibele ou Rhea, a grande Mãe dos Deuses.
A forma atual do Dia das Mães se deve aos esforços da filha de Ann Maria, a metodista Anna Jarvis, que iniciou uma campanha para que o Dia das Mães fosse reconhecido como um feriado nacional. Após Resolução, assinada pelo Presidente dos Estado Unidos  Thomas Woodrow Wilson,  o primeiro Dia das Mães foi celebrado em 9 de maio de 1914.
Já o meu primeiro dia das mães se deu em maio de 1952 em um culto no qual os internos que tivessem suas mães vivas usavam na lapela uma flor vermelha, símbolo da paixão,  e aqueles que tivessem tido a infelicidade de ter perdido suas mães portavam a flor branca da saudade. A emoção era grande, independente da religião professada pelo estudante, mas ficou ainda maior quando um aluno,  de nome Leandro e de flor branca na lapela, declamou a seguinte poesia:
“MÃE
Nome sagrado,
Que a gente mal em palavras traduz.
Que, com três letras somente,
É maior, mais reluzente, do que o céu cheio de luz.

Nome que é sempre o mais doce
de todos os que a gente aprendeu.
Por mais humilde que fosse, ele que ao mundo nos trouxe
Ele que a vida nos deu.”
Nunca soube quem foi o autor desses versos, nem porque guardei-os em minha memória por tanto tempo. Mas é assim que vejo o “Dia das Mães”,  com essa pureza quase infantil.
É pena que a enorme difusão e comercialização da data tenha mudado tanto seu significado, a ponto de levar sua criadora –Anna Jarvis – a afastar-se do movimento, lamentar sua criação e lutar pela abolição do feriado nos Estados Unidos.
Quanto a mim, continuo desejando para as mães de todo o mundo uma data que represente o espírito existente naqueles versos que meu colega leu em 1952.
Acredito que devemos lutar por um mundo em que impere esse amor materno que envolve sem preconceitos todos os irmãos. É também uma homenagem ao Leandro.

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