PEQUENA
HISTÓRIA DE MEU PRIMEIRO DIA DAS MÃES
ISAC
JORGE FILHO
Nos meus primeiros nove
anos vivi em uma vida de cidade pequena e encantadora, pouco mais que rural. Em 1952 meus pais
decidiram enviar-me para um colégio de conceito maior que a pequena “Escola da
Dona Zezé” que ficava na garagem de sua casa. O destino seria o famoso
Instituto Gammon, em Lavras, distante de Monte Carmelo o suficiente para
consumir 28 horas de viagem pela Rede Mineira de Viação – RMV (que nós
chamávamos de “Ruim Mas Vai”, com duas baldeações, em Ibiá e em Garças de Minas).
Apesar dos apelos do Padre César para que não me enviassem para “estudar
protestantismo” fiz meus 10 anos em Março no Colégio Evangélico de Lavras, um
Internato sem guardas e com alto respeito à autonomia, ligado a um respeitável
grupo evangélico norte-americano, proprietário também da Escola Superior de
Agricultura de Lavras (ESAL, hoje instituição pública federal). Foi lá que tive
conhecimento do “Dia das Mães”, celebrado nos Estado Unidos desde 1865 pela
ativista Ann Maria Reeves Jarvis com o nome de “Mother’s Friendship Days (Dia de amizade pelas Mães) com o
objetivo de melhorar as condições dos feridos na Guerra da Secessão. Vale
lembrar que a idéia de cultuar as mães não era nova. Segundo a Enciclopédia Britânica a
comemoração mais antiga para o Dia das Mães vem da Grécia antiga, que na
entrada da primavera homenageava Cibele ou Rhea, a grande Mãe dos Deuses.
A forma atual do Dia
das Mães se deve aos esforços da filha de Ann Maria, a metodista Anna
Jarvis, que iniciou uma
campanha para que o Dia das Mães fosse reconhecido como um feriado nacional.
Após Resolução, assinada pelo Presidente dos Estado Unidos Thomas Woodrow Wilson, o primeiro Dia das Mães foi celebrado em 9 de
maio de 1914.
Já o meu primeiro dia das
mães se deu em maio de 1952 em um culto no qual os internos que tivessem suas
mães vivas usavam na lapela uma flor vermelha, símbolo da paixão, e aqueles que tivessem tido a infelicidade de
ter perdido suas mães portavam a flor branca da saudade. A emoção era grande,
independente da religião professada pelo estudante, mas ficou ainda maior
quando um aluno, de nome Leandro e de
flor branca na lapela, declamou a seguinte poesia:
“MÃE
Nome sagrado,
Que a gente mal em
palavras traduz.
Que, com três letras
somente,
É maior, mais
reluzente, do que o céu cheio de luz.
Nome que é sempre o
mais doce
de todos os que a gente
aprendeu.
Por mais humilde que fosse,
ele que ao mundo nos trouxe
Ele que a vida nos
deu.”
Nunca soube quem foi o autor desses versos, nem porque guardei-os em minha memória por tanto tempo. Mas é assim que vejo o “Dia das Mães”, com essa pureza quase
infantil.
É pena que a enorme difusão e comercialização da data tenha
mudado tanto seu significado, a ponto de levar sua criadora –Anna Jarvis – a afastar-se
do movimento, lamentar sua criação e lutar pela abolição do feriado nos Estados
Unidos.
Quanto a mim, continuo desejando para as mães de todo o mundo uma data que
represente o espírito existente naqueles versos que meu colega leu em 1952.
Acredito que devemos lutar por um mundo em que impere esse amor materno que envolve sem preconceitos todos os irmãos. É também uma homenagem ao Leandro.
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