06 maio 2017

BALAS PERDIDAS - José Anézio Palaveri

Crônica da aldeia global
                  Balas perdidas
                                                Reflexões sobre violências banais e o medo social.
            Mortes violentas e guerras urbanas nos assustam.
            Morrem muitos marginais, muitos bandidos, muitos policiais, muitos cidadãos comuns, pais de família ou jovens em busca de lazer...
            Há regiões em que viver se tornou muito perigoso neste grandioso e querido Brasil.
            Disputas entre quadrilhas, policiais em perseguição, tráfico de drogas nas favelas ou fora delas. Mortes em festas, em bares, na calada da noite ou sob as luzes do dia...
            Quantas energias dispersas e consumidas sem sentido!...
            Guerras e guerrilhas, mortes anunciadas por estatísticas assustadoras.
            O nome nos assusta e nos engana. A polícia ativada contra supostos bandidos, traficantes ou outros que tais. E o morador é atingido e crianças são mortas... Balas perdidas!...
            Que azar! Foram vítimas de balas perdidas, segundo investigações nunca esclarecidas e que nunca convencem os moradores da região da tragédia. E as cenas se repetem. Por dias seguidos ou por semanas, mortes de indefesos moradores são anunciadas, pessoas distraídas que perambulam cruzando os caminhos das balas..
            Ou são as balas mal endereçadas que cruzam os seus caminhos?
            Há muitas explicações que não convencem e que quase ninguém questiona. No dia seguinte, as mortes voltam a acontecer e as estatísticas de cidadãos mortos sem explicações nos assustam e muitos policias também são vítimas de ações de violência que acontecem sem que nenhuma medida preventiva inteligente ou planejada seja tomada.
            E isto tudo acontece em cidades maravilhosas, em bairros, em favelas e até em  bairros mais chiques por onde a violência passeia, onde morrem, com frequência, cidadãos, quase sempre os mais pobres. E onde também morrem policiais com uma frequência assustadora.
            Uma guerra sem vencedores... Acontece mesmo sem ser declarada...
            E que parece não terminar nunca.
            Clamamos por mais preparo dos policiais, pelo uso de outras ações de inteligência e de menos munições.
            As imagens são de esposas chorando as perdas de seus filhos e maridos... e  de uma população assustada e sem esperanças.
            E sabemos que tudo poderia melhorar se os responsáveis tomassem consciência da importância de ações preventivas, da melhora de condições de vida da população, das condições de trabalho dos policiais e de seu melhor preparo para ações sem violência.
            Quantas miséria e dores envolvidas! Os traficantes de drogas, suas quadrilhas  desafiam nossa segurança e as forças policiais. Eles destroem as cidades, incendeiam ônibus para mostrar seu poder e amedrontar a população. E nós, apavorados, vamos tentando nos esconder...
            Mas o poder público não pode se omitir. Tem que se preparar melhor...
                                   Dr. José Anézio Palaveri, médico, APLACE, maio de 2017.
           
            

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