28 maio 2015

BIQUINE E SANDUICHE - Sérgio Roxo da Fonseca


Há quem afirme com alguma exatidão que a palavra é uma das coisas mais antigas das inúmeras criações do homem, razão pela qual é um dos elementos mais valiosos para estudar a nossa história. A palavra é a mãe da história, pouca coisa se sabe do que ocorreu antes de sua invenção. Alguns dos historiadores mais radicais sustentam que a investigação das palavras revela mais verdades do que a exploração das pirâmides dos Egito.

Sabemos o que significa a palavra “nunca”. Mas nem sempre “nunca” foi nunca, mas, sim, o seu contrário, ou seja, “nunca” já foi “agora”. No final da oração da Ave Maria é dito em latim: “nunc et in horis mortis nostrae”, o que é traduzido por “agora e na hora de nossa morte”. Na conhecida oração o vocábulo “nunc”, em latim, foi traduzido como “agora” para o português. A questão não é isolada, provavelmente, pois todas as palavras carregam consigo vários significados e, com certeza, muitos mistérios ocultos. Como “nunc” que era “agora” para nossos antepassados e hoje é quase o seu contrário.

Os ingleses descobriram algumas ilhas que cercavam outra menor, Foram batizadas com o nome de Ilhas Sandwich. Não sei quem imediatamente teve a ideia de transformar o nome das ilhas no nosso conhecido “sanduiche”. O jeitão das ilhas gerou o nome dos famosíssimos sanduiches que continuam sendo consumidos sem que as pessoas tenham qualquer preocupação com as navegações inglesas.

Nesses dias em que recordamos o final da Segunda Grande Guerra, os melhores canais da TV transmitiram as primeiras e trágicas experiências norte-americanas com a bomba atômica, o que ocorreu em 1946, alguns meses antes do seu lançamento sobre as cidades japoneses de Hiroshima, em 6 de agosto, e, de Nagasaki, em 9 de agosto daquele ano.
As duas primeiras bombas atômicas foram lançadas sobre um atol localizado no sul do Oceano Pacífico. O atol chama-se Bikini. Tinham alguma noção de seus efeitos, mas não de todas as suas consequências.

Conforme o filme documenta, os marinheiros e os cientistas não tinham o domínio dos fatos. As pessoas e os navios submetidos à irradiação foram examinados e mandados de volta para os Estados Unidos, despreocupadamente.

Muitos soldados, após a detonação da bomba, foram até o atol e levaram consigo um punhado da areia como lembrança do fato histórico. Alguns perderam seus braços e outros as suas pernas. Muitos morreram de câncer.

O nome do atol Bikini foi imortalizado porque gerou o vocábulo pelo qual até hoje identificamos a pequena roupa usada pelas mulheres quando vão à praia, seguramente sem irradiar as trágicas consequências das duas bombas lançadas no sul do Pacífico em 1946.



   

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