DRONE
Sérgio Roxo da Fonseca
Walter Benjamin foi um filósofo judeu nascido na Alemanha.
Afirma-se que, supondo ser preso pelos nazistas, preferiu matar-se. Com certeza
deixou uma obra extraordinária.
Ao refletir
sobre a guerra, destacou que sobre ela, como sobre tudo, seria um equívoco
pesquisar sua essência examinando-a sobre a ótica daqueles que sabiam apenas
que a guerra era a guerra. Ninguém pode conhecer a guerra discutindo apenas a
guerra. Nada é apenas a sua essência.
Observa que,
no seu tempo, os soldados eram preparados para matarem-se uns aos outros em
busca da vitória de sua Pátria. Em verdade, até o final da II Guerra Mundial, o
Direito Internacional proibia, como crime de guerra, atacar alvos civis. Nos
dias 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram as únicas bombas
atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, revogando definitivamente aquela
proibição. É relevante registrar que outras nações, em menor proporção já haviam
cometido o mesmo pecado, é claro, sem aquele incomensurável tamanho.
Walter Benjamin, com certeza, estava
prevendo que no futuro as guerras não seriam resolvidas apenas pelos soldados.
Possivelmente a guerra de guerrilhas, na qual o guerrilheiro se confunde com a
população civil, seria o resultado do choque entre forças aparentemente desprovidas
de uniforme ou de rosto.
Tomando-se
como data o final da II Guerra Mundial, a tecnologia passou a revelar cada vez
mais armas tendo como alvo a população civil, mantendo o soldado como operador
de aparelhos, muitas vezes, distante do campo da batalha.
O mais novo
equipamento chama-se drone que, ao que parece, significa zangão em inglês. Tive
oportunidade de conhecer um drone na semana passada, na cidade de Campos do Jordão,
na inauguração de um shopping.
Aos serem
inauguradas as portas, o locutor revelou que um drone, voava vagarosamente sobre
os presentes. Filmando tudo. Todos
olharam para o céu e lá realmente estava um aparelho, cheio de luzes, com cerca
de um metro da frente aos fundos. Insisto em dizer, voando baixo e
vagarosamente. É escusado dizer que, pelo pequeno tamanho, o operador não se
encontrava no seu interior, provavelmente num lugar perdido na distância.
Entramos no
corredor do shopping. Nós e o drone. O artefato passou a voar baixo, bem baixo,
bem devagar, dobrando os corredores como se dispusesse de mil olhos. Incrível.
De agora em diante, os seguranças poderão ser substituídos por um aparelho
voador e não tripulado. E na guerra? Na guerra como na guerra, diziam os
sábios. Os países árabes estão conhecendo a nova
descoberta.
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