29 outubro 2020
A POLITICA QUE DÁ MEDO José Anézio Palavéri
Contágio mais perigoso que o coronavirus.
As maldades cometidas por uma pessoa portadora do vírus da política são perigosas e podem ser mortais.
Do corona você pode se proteger, isolar-se, usar máscara, evitar aglomerações, mas da maldade e da falsidade de alguns políticos você não se livra, porque ela é traiçoeira, perigosa, abusa do poder que tem, não socorre o cidadão no momento em que ele está mais frágil.
Alguns nem se contentam com os poucos milhões de dólares de propina e de vantagens.
O político precisaria estar preparado para proteger os cidadãos, mas ele pensa em seu poder, seus cargos e partidos, suas alianças desde que elas sejam fontes para suas vantagens.
Vejamos o nosso cotidiano, as notícias dos jornais, os comentários de pessoas capazes de entender a realidade e tiremos nossas conclusões.
Não vamos nos enganar com jornais comprometidos. Ouçamos os debates sérios.
Vamos ler alguns cronistas mais sensatos e cuidadosos., discutir com nosso grupo de amigos, analisar as decisões do congresso, da comissões, dos que decidem por nós na calda da noite.
A nave vai e seu destino é ignorado e pode ser trágico.
E as decisões que parecem ser tomadas por crianças ou pessoas maldosas que não olham alguns metros na frente do nariz.
O que fazer? Lamentações podem não resolver, ficar só criticando também pode não dar certo.
Conhecer nossa realidade e nossas necessidades, conversar com os amigos, entre em contato com algum político que você conhece: mostrar nossa insatisfação nas conversas, no que escrevemos, nas reuniões de amigos, nos momentos de preparo dos que precisariam entrar na política para decidirem em favor das maiorias.
Não construirmos um país equilibrado só com boa vontade. Se continuarmos a reclamar e nos omitindo muita coisa não vai mudar e estaremos sempre na mesma ladainha com as mesmas lamentações.
E se formos levados ao desânimo e nos omitirmos ainda mais?
Ter medo e não tomar atitudes poderá ser ainda pior.
E nosso futuro? E nossos filhos? Estão seguindo nossos exemplos ou estão nos surpreendendo com novos estudos, novas atitudes, olhando para o futuro com esperanças de mudanças e de um país melhor, mais equilibrado, governado com mais seriedade e por pessoa mais preparadas e capacitadas?
De Brasília aos municípios, precisamos de mudanças e de gente preparada.
Estamos perto das eleições. Ocasião de se informar, conhecer os mais preparados para governarem os municípis.
Dr. José Anézio Palaveri, médico, escritor, APLACE, 27 de outubro de 2020.
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21 outubro 2020
INTRODUÇÃO À BIOÉTICA Isac Jorge Filho
APRESENTAÇÃO*
Ouvimos sempre que formação, universitária ou não, de um cidadão depende de um tripé representado por conhecimentos, habilidades e atitudes. Mas, na verdade, ela se inicia no relacionamento familiar e nos cursos fundamentais. São vivências que não se perdem, nunca. Meu interesse pelas coisas da natureza começam em minha Monte Carmelo, pequena cidade de Minas Gerais, influenciado pelo entusiasmo de meu pai com as coisas da terra, em seu quintal onde cuidadosamente plantava tomateiros, abacateiros, laranjeiras, mangueiras, cajueiros e tantas outras plantas. Conhecia tudo sobre elas. Vindo, com 11 anos de idade, do Líbano, não se dedicou ao comércio, como era o habitual entre os imigrantes árabes. Foi plantar fumo, prepara as folhas e produzir os rolos do tabaco. Ainda criança, aprendi com ele alguns segredos da agricultura e dos cuidados com a terra. No Instituto Gammon, de Lavras, esse interesse pelas coisas da natureza se ampliaram. A Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL), hoje Federal, pertencia ao Gammon e íamos para lá ver os processos de plantação e pegar rãs nos lagos de irrigação da faculdade. Meu interesse pelas coisas que hoje constituem a Bioética começaram ainda nos tempos de universitário pela visão diferente de Medicina e de vida que a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo demonstrava. Ali aprendemos que não havia a doença, havia o doente e que cada um deles era um ser especial. Em uma época em que isso era raro passávamos um período no estágio rural lidando com pessoas simples e doenças simples, mas importantes e prevalentes. Na época a região era endêmica para a Doença de Chagas e por meio do Centro Acadêmico Rocha Lima fazíamos um relevante trabalho de orientação a respeito do combate ao “barbeiro” indo aos bairros de Ribeirão Preto e cidades da Região utilizando um “jeep” cedido pela faculdade. O motorista era o Joaquim, funcionário da USP e esposo da Dona Luiza, que muitos anos depois foi a pessoa abençoada que cuidava de minha casa e de meus filhos enquanto minha esposa, Leila, exercia a Ginecologia e Obstetrícia, ela que havia sido minha caloura na faculdade. Em nossas andanças pela Região tínhamos contato com o povo e a oportunidade de explicar como combater os “barbeiros” e como era a Doença de Chagas. Em troca eles nos ensinavam coisas do campo e da cidade pequena. No segundo ano da Faculdade passei a ser professor do Curso César Lattes, preparatório para os vestibulares. Como nada ocorre por acaso, quis o Grande Arquiteto do Universo que eu fosse ensinar Zoologia, Botânica e Ecologia. Esta última área reforçou meu interesse pelo meio ambiente e na Zoologia passei a conhecer detalhes sobre os ciclos dos parasitas responsáveis por tantas “doenças da miséria”. Passei também a tratar com familiaridade coisas como nicho ecológico, ecossistemas, biomas e tantas mais. Ao mesmo tempo me interessei pela Cirurgia Geral e Gastroenterologia. Estava confuso com essa formação heterodoxa: de um lado a Medicina e do outro a Ecologia. Sempre achei as duas muito importantes e não queria deixá-las. A resposta apareceu com a minha chegada ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo onde, com influência de Marco Segre, Reinaldo Ayer, Regina Parizi e tantos outros, encontrei na Bioética um campo que me permitia utilizar os conhecimentos e trabalhos feitos até então. A Bioética inclui todos aqueles conhecimentos e muitos mais. É fonte inesgotável de conhecimentos. Sendo a Ética uma análise autônoma e crítica de fatos e valores encontramos na Bioética um grande número de polêmicas e reflexões. É disso que trata esse livro: fundamentos da Bioética e reflexões. A amplitude e variedade de assuntos torna difícil e complicada a metodização do trabalho na produção de um livro com um lógico começo, meio e fim. O fato de ser a Bioética área multiprofissional e multidisciplinar aumenta ainda mais essa dificuldade. Da relação de preocupações com a coerência dos textos também faz parte as peculiaridades dos temas bioéticos em cada região, estado ou país. Procuramos não perder de vista todos esses aspectos e tentamos escrever um texto de alcance brasileiro, sem perder de vista o que ocorre nas outras regiões de nossa Biosfera, mas sem a pretensão de produzir um livro completo.
É com imensa satisfação que lançamos este trabalho que pretende mostrar as bases fundamentais de instigantes temas contidos no universo da Bioética. Tomamos o cuidado de incluir temas que levem em conta seu caráter multidisciplinar e multiprofissional, justamente o que torna a Bioética tão interessante já que, em primeira instância, abre e democratiza os debates. Mas não há dúvidas: em seu dia-a-dia no consultório e/ou no hospital o médico é um dos profissionais que mais se deparam com profundos dilemas e reflexões. Quem deve decidir o que significa o bem-estar do paciente? Até aonde ir? Como ser justo? São algumas das questões vinculadas a raciocínios bioéticos, nem sempre percebidos como tal. O que o médico, o enfermeiro, o advogado e o capelão pensam da doação de sangue em testemunhas de Jeová? O que o pesquisador, o político e o juiz de direito pensam da clonagem? Até onde vale a insistência na manutenção de terapias experimentais em pacientes terminais?
Estamos seguros que ao terminar cada capítulo o leitor e a leitora terão mais dúvidas do que quando começaram. E é assim mesmo, já que a Bioética é, por princípio, instigante e polêmica. Cada resposta a um problema leva a novas perguntas...
Que você termine esse livro com mais conhecimento e mais dúvidas que quando começou são os nossos votos!
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* Esta é a apresentação do livro "Bioética: fundamentos e reflexões" - Editor-chefe: Isac Jorge Filho Editora: Atheneu
20 outubro 2020
OS NAVIOS NEGREIROS Sérgio Roxo da Fonseca
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Poetas e pintores não ficaram cansados ao produzir obras, hoje históricas, dirigidas contra a escravidão africana.Essas obras receberam o nome de “Navio Negreiro”.
Quando os portugueses descobriram o mundo para o mundo, no início de suas navegações, acreditavam que a terra era plana, acabando no cabo do Bojador, na África. Ali o mar batia, como bate até hoje, nas pedras do Bojador, erguendo uma forte neblina que impedia ver o que havia além dela.
Nascia o horror filho da falsa crença segundo a qual a terra era plana. Daí concluíam que naquele local o mar despencava no espaço até alcançar o inferno, cuja água atingida pelo calor do belzebu, transformava-se na grossa neblina. Aquele que se atravesse a atravessá-la, caia no beleléu.
O português Gil Eanes, em 1453, sem querer, atravessou a neblina e descobriu que a terra continuava além do Bojador, portanto, que o mar não despencava no inferno. A terra e a vida iam além da neblina.
O poema de Fernando Pessoa “Mar Português” documentou o fato: “Quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor” por isso que“valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. Com toda a experiência dolorosa dos portugueses,ali encerrada em 1453, ainda há autoridades brasileiras que creem que a terra é plana...
A América foi descoberta em 1492. O Brasil em seguida. Há quem diga que antes disso os portugueses já teriam estado no Canadá. Tanto que até hoje no Canadá há uma área enorme denominada “Labrador”, vocábulo usado pelos portugueses quando lá chegaram em busca de bacalhau.
Os homens viram que a terra era redonda, mas continuaramacreditando que era o sol que passeava ao redor dela. E não o contrário. Como em latim “nascer” é “orire”, o local do suposto nascimento do sol passou a se chamar “oriental". Ao contrário, “morrer” em latim é “occidere”, daí “ocidental” passou a sero nome do ponto no qual o sol todas as noites ia dormir.
Os africanos escravizados acreditavam que a América situava-se debaixo do mar, tanto que, de longe, viam os navios sumindo no horizonte como que mergulhados no mar! Não queriam conhecer o fundo do mar.
Os artistas documentaram aquela época, especialmente quando se dispuseram a lutar contra a escravidão. O poema “Navio Negreiro” de Castro Alves espanta o leitor tanto pela sua beleza como pela sua grandeza.
Rugendas, que visitou o Brasil com a ExpediçãoLangsdorff, então cônsul russo, transformou em quadros suas visões, o que pode ser examinado no Museu Itaú Cultural. A sua obra mais notável é conhecida como “Navio Negreiro” ou “Negros no Fundo do Poço”, foi datada em 1835.
O pintor inglês Turner imortalizou um episódio ocorrido com o navio Zong que navegava da África para a Jamaica em 1793, transportando escravos.
Afirma-se que o comandante do Zong, tendo sido avisado que o seguro contratado pagava mais pela doença dos escravos transportados do que pela sua venda em território americano, manietou cerca de 130 homens, mulheres e crianças, lançando-os ao mar onde foram devorados pelos tubarões.
O quadro “Navio Negreiro” de Turner não registrou apenas uma posição da Inglaterra contra a horrível escravidão, como também inaugurou uma nova forma de lançar cores numa tela. Uma nova forma foi revelada por Turner. O seu extraordinário quadro encontra-se exposto no Museu de Belas Artes de Boston, que assim se transformou no principal centro cultural dos Estados Unidos.Não só pelo “Navio Negreiro" de Turner, mas também por ele.
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