24 abril 2017

ODEBRECHT, UM NOME ENVERGONHADO

Crônica da aldeia global
      Odebrecht, um sobrenome envergonhado.

                                   Bilhões de dólares comprando pessoas e corrompendo sistemas.

JOSÉ ANÉZIO PALAVERI


            O poder e o dinheiro que abrem portas, mobilizam pessoas e parceiros, imobilizam oposições, conseguem adesões imprevisíveis de opositores, compram apoios, decisões, leis, perdões e simpatias por todos os cantos.
            São recursos que reforçam o poder e abrem caminhos... para alguns.
            Serão recuperados com as exclusividades, o vencer maquiado das licitações e os sobre preços favorecidos pelas benesses dos detentores dos poderes públicos e privados.
            Uma metralhadora giratória abrindo caminhos e uma moto niveladora derrubando obstáculos os mais diversos.
            O futuro nos dirá, e já está nos dizendo, sobre o que restou de saldo positivo para o bem estar social ou para o progresso da nação.
            Um país arrasado, mergulhado em escândalos inacreditáveis, tamanha a ousadia de seus malfeitores.
            Um claro e bem visível exemplo e uma solene demonstração de tudo o que o neoliberalismo, o capitalismo e esta nova economia podem fazer em favor dos poderosos, fazendo-nos temer sobre o futuro do Estado, do poder público e dos coitados dos cidadãos, principalmente dos mais pobres.
            Um clima de descrença com os políticos e os negociadores dos bens públicos. Uma Democracia em perigo não só por aqui, mas em mais de dez países onde os tentáculos da toda poderosa se estenderam com o apoio de autoridades brasileiras e internacionais.
            Mesmo sem riscos iminentes estas democracias declinam, seus atores perdem a credibilidade e chegam a envergonhar os cidadãos honestos e esperançosos de um futuro melhor para seus filhos.
            A cada dia novos sustos, novos escândalos...
            Uma máquina de propinagem para fazer bandidos que se dão as mãos ligadas pelo dinheiro vivo não contabilizado.
            Há 30 anos ou mais, um nome a ser admirado. Empregos, progressos, por aqui e pelo mundo, mas a ganância foi demais e o malcaratismo também.
            Nas delações, para fugirem da cadeia, patrões e funcionários não se envergonham de contar todo o mal que fizeram e todas as alianças malditas  público-privadas que tramaram...
            Cevando partidos, ”lavando as mãos” de funcionários públicos, de políticos, de executivos de estatais, de empresas particulares ligadas à corrupção, falam  até com alegria de seus atos ilícitos como  fazendo uma boa ação, redimindo-se de seus pecados.
            As imagens de sua coragem e cinismo nos assustam. Nem dá para acreditar em tanta capacidade para tantos atos malfeitos em busca  de tantas vantagens desonestas.
            A justiça está trabalhando. Tomara que não desanime e que ninguém interrompa seus caminhos. Precisamos ser cidadãos alertas e bem informados para não nos enganarem novamente.
                       


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O GALO DE BARCELOS

                                 O GALO DE BARCELOS

                            Sérgio Roxo da Fonseca

         Os portugueses têm uma cultura tão extensa como os quatro pontos cardiais. Talvez a mais rica de todas as culturas porque descobriram o mundo para o mundo. A água é salgada de tanto as mulheres dos navegadores derramarem suas lágrimas em suas praias, segundo o testemunho de Pessoa que conseguiu ir além do Bojador.  
         Trouxeram para o ocidente as pimentas que habitavam as terras da Índia. Uma delas foi batizada com o nome perpétuo de Pimenta do Reino de Portugal.
         O Galo de Barcelos é um dos mais antigos mitos. Há várias versões sobre ele que hoje ainda vive nas toalhas de mesa, nas cortinas, nas vestimentas e nos livros e mais livros. Há tantas versões que é a história é um não acabar.
         Os islamitas dominaram a Península Ibérica durante longos séculos. Transmitiram para a nossa cultura um tesouro de palavras e costumes. Lisboa, que um dia foi a cidade de Ulisses, o grego, “Ulissesponensis”, teve seu nome reduzido para a Lisboa de hoje, filtrado pela pronúncia dos árabes. Mas são tantas as ligações, que, para os católicos, Nossa Senhora apareceu para três meninos num sítio em Fátima, tornando-se Nossa Senhora de Fátima, para aproximar os cristãos dos muçulmanos, segundo as sábias palavras de um Papa.
         Como os árabes tinham o dever de visitar Meca uma vez na vida, os cristãos passaram a ter o dever de peregrinar até Santiago de Compostela.
         Um portuguesinho que para lá caminhava, dormiu na cidade de Barcelos, onde acabou sendo preso e condenado pela prática de um crime que não cometera. No momento de sua execução, o carrasco deu-lhe o direito de indicar seu último desejo. Quero falar com o juiz, revelou.
         Último desejo deve ser obedecido até mesmo pelo juiz que,  naquela hora,  almoçava um frango assado, mesmo tendo a breve  oportunidade para declarar que mantinha a decisão.

         O portuguesinho proclamou que, se fosse inocente, Deus  ressuscitaria o galo assado do juiz, imediatamente, ressuscitou, dando um pulo do prato do magistrado, pondo-se a cacarejar pela sala. Tendo em conta a força do milagre, o pobre homem foi imediatamente absolvido. Em sequência o portuguesinho continuou a sua peregrinação até Santiago de Compostela, sem perceber que está escrevendo uma das páginas mais queridas do povo de sua terra.