25 março 2007

COMUNIDADE EUROPÉIA - 50 ANOS

Sérgio Roxo da Fonseca

Há cinqüenta anos, alguns países europeus celebraram o Tratado de Roma, instrumento de sua integração. Quase ao mesmo tempo, a Holanda, a Bélgica e Luxemburgo criaram uma comunidade internacional chamada Benelux. “Be” de Bélgica; “lu” de Luxemburgo; e “ne” de Netherlands, ou seja, de Países Baixos ou Holanda.
Os signatários do Tratado de Roma foram a Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Itália, França e Inglaterra. Após a II Grande Guerra, a Europa ou estava sob a influência dos EEUU ou sobre a influência da URSS. Os países signatários do Tratado perseguiam uma posição mais autônoma com relação aos dois pólos da Guerra Fria. Inauguraram a CEE, ou seja, a Comunidade Européia de Nações que hoje é composta por 27 países. O seu lema “in varietate concórdia”.
Para ingressar na CEE, são impostas algumas condições incontornáveis. Há alguns anos atrás, a CEE exigiu que Portugal e Grécia proibissem o trabalho infantil e juvenil, comprometendo-se em levar toda a juventude à escola. Cumprida a exigência, entre outras, estes países tornaram-se membros, convertendo-se nos dias de hoje numa das regiões de maior progresso europeu.
As fronteiras não são mais barreiras para a circulação de pessoas e de bens. A moeda foi unificada. O passaporte e a previdência idem. Trabalha-se no sentido de ser unificado o sistema de ensino e pesquisa, especialmente em nível universitário.
Há, decerto, dificuldades. Algumas delas podem ser aqui apontadas.
Os economistas afirmam que o euro está supervalorizado frente ao dólar. Conseqüência: as mercadorias e serviços são caros, dificultando a sua exportação e acelerando a importação de mercadorias estrangeiras, especialmente da China. Percebo que fenômeno análogo ocorre com o Brasil de hoje, surgindo vozes que exigem do governo a quebra do real perante o dólar, política que, por várias vezes, aqui foi adotada.
O progresso europeu atraiu um grande número de imigrantes, especialmente das antigas colônias por eles exploradas duramente. Eis um dos mais graves problemas. Há na França um grande número de imigrantes árabes, cujas famílias reproduzem-se muito mais aceleradamente do que as famílias francesas. Os árabes e seus descendentes passaram a ter um peso político, econômico e cultural muito grande na França. Profetizam para breve uma alteração profunda na França. Os franceses não querem ter muitos filhos. Os árabes e seus descendentes têm. No futuro a colônia árabe, pelo menos em Paris, poderá ter mais votos do que os franceses de raça pura.
A questão vem ganhando espaço no processo eleitoral desencadeado para a indicação do futuro presidente da França.
Por sua vez, o Papa Bento XVI surpreendentemente entrou no debate, lembrando que sendo a Europa cristã, não pode perder suas raízes para outras crenças. O pensamento liberal não admite que sejam criadas barreiras religiosas em busca de pasteurizar as relações étnicas na Europa. Se a concórdia está na pluralidade, tal como é o lema europeu, como impor barreiras religiosas?
Esses problemas devem ser resolvidos com dificuldade, mas resolvidos. O certo é que a comunidade econômica conseguiu unir a Europa, costumeiro teatro de guerras catastróficas, inclusive de coloração religiosa. Estou convencido que a economia uniu mais a Europa do que os canhões de Napoleão e os tanques de Hitler.
O Brasil e os países do Mercosul conseguirão trilhar esses caminhos, essas veredas, esses atalhos?