13 janeiro 2021

ZERO

ZERO Sérgio Roxo da Fonseca Os árabes, possivelmente, conheceram o “zero” em suas incursões pela Índia, onde a inexistência de algarismo era conhecida com o nome de um vento brando, ou seja, um zéfiro. Para os árabes o zéfiro foi batizado como “sifr”, que se transformou em “zero” para nós. Em 711, uma nação arábica, saindo da África, atravessou o Mediterrâneo, invadindo a Península Ibérica, antes do surgimento da Espanha e de Portugal. Durante alguns séculos dominaram a região, sendo, finalmente, derrotados em 1492, data em que a Espanha, já então existente, descobriu a América, tornando-se o mais importante país da época na Europa. Mesmo derrotados, as famílias árabes, com a sua cultura, envolveram-se com a sociedade do novo país, contribuindo fortemente para a instituição do idioma espanhol e do português. Naquela época, os árabes transformaram-se na mais extensa e intensa cultura da Europa. Os europeus não entendiam o uso do zero. Se zero é nada para que serve? Os árabes ensinaram os europeus que toda a linguagem numérica podia ser definida apenas com o uso do zero ao lado dos números de 1 a 9. Espantado o mundo ocidental assim conheceu o “sistema decimal”. E a usá-lo até hoje. Outra área da cultura árabe da época impunha a necessidade de escrever sobre todas as experiências realizadas para que pudessem servir de degrau para atingir mais altos limites. Os cristãos europeus ainda eram em sua maioria analfabetos e proibidos de entrar em contato com a filosofia grega. Não sabiam, por exemplo, quem haviam sido Sócrates, Platão e Aristóteles. Ao contrário, os árabes e os judeus debruçavam-se sobre a literatura grega. Na cidade de Córdova, na Espanha, conviveram dois sábios. Um árabe, Averrois (1126-1198), ou Abu al-Walid Muhammad ibn Abmad ibn Muhammad ibn Rushid; e o judeu Maimônides (1138-1204), ambos médicos e filósofos aristotélicos. Averrois, até hoje, é considerado o principal comentador da obra de Aristóteles. Há registros de que Santo Alberto Magno teria orientado São Tomás de Aquino no sentido de entrar em contato com a literatura arábica voltada para a obra de Aristóteles com visos a ampliar seus extraordinários estudos. Maimônides, o Rambam, que faleceu no Egito, tendo sido enterrado em Israel, é reconhecido como a chave intelectual do judaísmo moderno. Sobre o judaísmo escreveu uma obra com 114 volumes. Outro mulçumano aristotélico foi o persa Ibne Sina, Abu Ali ibne Abdalla Ibne Sina, conhecido como Avicena nos países latinos, nascido em 980 e falecido em 1037. Não são conhecidas todas as extensas obras deste autor. Sabe-se que deixou 150 livros de filosofia aristotélicae cerca de 40 outros de medicina. Atribui-se a Avicena ter criado a primeira Faculdade de Medicina. Não por acaso, percebe-se que a palavra “medicina” é uma variação do nome original de Avicena que, como se sabe, era Ibne Sina. É importante destacar dois pontos relevantes quanto ao relato. O primeiro. Muito embora houvesse no mundo cristão uma proibição rigorosa contra as obras de muçulmanos, vários livros de medicina, escritos por Avicena foram adotados nas primeiras faculdades de medicina europeias. O segundo. Em obras atuais, encontram-se registros realizados pelos cruzados escritos no momento em que se aproximaram de Jerusalém, quando entãodocumentaram o avançado grau da medicina árabe daquela época. Como antes registrado, em 1492 os Reis Católicos derrotaram os árabes na nova Espanha cristã, época na qual, sob seu comando, Colombo chegou à América Central. A Espanha tornou-se o mais importante pais da Europa. A civilização arábica na Europa, até então há oito séculos na Península Ibérica, foi absorvida pelo cristianismo.

17 dezembro 2020

“APENAS” TEMAS ORIGINAIS DE SAÚDE, BIOÉTICA E CIDADANIA, SEM “FAKE NEWS” - Isac Jorge Filho

Em dezembro de 2006, portanto muitos anos antes da polarização política que infelicita o País, separando amigos, colegas e familiares, passei a utilizar o concurso da Internet para comunicação por meio de um "blog" que denominei "Saúde, Bioética e Cidadania". A recepção foi morna e limitada a alguns amigos mais próximos, mas o valor dos artigos enviados superou minhas expectativas. Nunca houve a intenção de manter uma periodicidade, mas ao longo dos anos foram muitos os temas abordados, nunca resvalando pela política partidária. Amigos ou colegas como Sérgio Roxo da Fonseca, Palaveri, Feres Sabino e tantos outros enviaram suas opiniões, sempre em torno das questões bioéticas da saúde ou da cidadania. Alguns já se foram, como o querido e saudoso Ziliotto, mas deixaram seu testemunho de opiniões firmes, calcadas na verdade. Tempos depois passei a me utilizar do espaço oferecido por grupos de "whatSapp" para me manifestar, sempre deixando de lado a política partidária. Notei, no entanto que muitos usavam tal espaço para divulgar "fake news", sem a mínima noção do prejuízo causado. Sempre apontei tais desvios e continuei com a mesma filosofia de discutir temas bioéticos e de saúde pública. O meu limite de tolerância foi atingido quando manifestações políticas em geral, mesmo não partidárias, foram consideradas manifestações de imaturidade por um colega que sempre respeitei. Que tristeza ler essa manifestação de desencanto partindo de colega médico...É interessante observar que essa manifestação apareceu quando comecei a protestar contra a divulgação de falsidades em um espaço dedicado a discussão salutar de temas de interesse dos brasileiros em geral. Apenas o colega Palaveri escreveu protestando contra uma matéria que conclamava todos a não votar em 13 partidos considerados pelos autores da matéria (quem seriam?) como anti-cristãos. Era um modo sujo de buscar apoio dos cristãos. Lembrava muito a filosofia das cruzadas. Não tenho partido político atualmente. Fui Vereador pelo PSDB e sacretário do Planejamento e Desenvolvimento de Ribeirão Preto e tenho muito orgulho de meu trabalho realizado naqueles anos. Sou cristão, mas tenho noção de que um número grande de pessoas que votam naqueles 13 partidos citados foram atingidos pela inominável agressão. Na verdade a agressão atingia as pessoas. Os partidos são constituídos por pessoas. Milhares de pessoas foram atingidas pela agressão anônima, divulgada por colaboradores que devem achar que como " apenas" "compartilharam" não tem responsabilidade pela verificação da verdade fatual.. Chama atenção a falta de inteligência dos autores daquela notícia ao não perceber que estão pregando para já convertidos, que já apóiam os absurdos ali escritos. Os que não estão de acordo com o que é preconizado naquele folhetim certamente ficarão revoltados contra esses aproveitadores da triste polarização observada em nosso País. Para mim chega, não tenho mais paciência para conviver com tanto absurdo. Se se preocupar com a verdade e com nosso País é manifestação de imaturidade continuarei imaturo aqui no meu canto. Nele continuo vivo e ativo. Quem quiser participar enviando temas de saúde, bioética e cidadania, será muito bem-vindo, na condição de autor da colaboração, nunca de repassador, sabe-se lá de quem.

29 outubro 2020

A POLITICA QUE DÁ MEDO José Anézio Palavéri

Contágio mais perigoso que o coronavirus. As maldades cometidas por uma pessoa portadora do vírus da política são perigosas e podem ser mortais. Do corona você pode se proteger, isolar-se, usar máscara, evitar aglomerações, mas da maldade e da falsidade de alguns políticos você não se livra, porque ela é traiçoeira, perigosa, abusa do poder que tem, não socorre o cidadão no momento em que ele está mais frágil. Alguns nem se contentam com os poucos milhões de dólares de propina e de vantagens. O político precisaria estar preparado para proteger os cidadãos, mas ele pensa em seu poder, seus cargos e partidos, suas alianças desde que elas sejam fontes para suas vantagens. Vejamos o nosso cotidiano, as notícias dos jornais, os comentários de pessoas capazes de entender a realidade e tiremos nossas conclusões. Não vamos nos enganar com jornais comprometidos. Ouçamos os debates sérios. Vamos ler alguns cronistas mais sensatos e cuidadosos., discutir com nosso grupo de amigos, analisar as decisões do congresso, da comissões, dos que decidem por nós na calda da noite. A nave vai e seu destino é ignorado e pode ser trágico. E as decisões que parecem ser tomadas por crianças ou pessoas maldosas que não olham alguns metros na frente do nariz. O que fazer? Lamentações podem não resolver, ficar só criticando também pode não dar certo. Conhecer nossa realidade e nossas necessidades, conversar com os amigos, entre em contato com algum político que você conhece: mostrar nossa insatisfação nas conversas, no que escrevemos, nas reuniões de amigos, nos momentos de preparo dos que precisariam entrar na política para decidirem em favor das maiorias. Não construirmos um país equilibrado só com boa vontade. Se continuarmos a reclamar e nos omitindo muita coisa não vai mudar e estaremos sempre na mesma ladainha com as mesmas lamentações. E se formos levados ao desânimo e nos omitirmos ainda mais? Ter medo e não tomar atitudes poderá ser ainda pior. E nosso futuro? E nossos filhos? Estão seguindo nossos exemplos ou estão nos surpreendendo com novos estudos, novas atitudes, olhando para o futuro com esperanças de mudanças e de um país melhor, mais equilibrado, governado com mais seriedade e por pessoa mais preparadas e capacitadas? De Brasília aos municípios, precisamos de mudanças e de gente preparada. Estamos perto das eleições. Ocasião de se informar, conhecer os mais preparados para governarem os municípis. Dr. José Anézio Palaveri, médico, escritor, APLACE, 27 de outubro de 2020. ...